sexta-feira, 14 de junho de 2013

Adeus a Deraldo Dias


Estamos órfãos


               Cabelos brancos como a neve do tempo, lá estava quase sucumbido pela multidão um companheiro de jornada. Um amigo, um companheiro dos tempos de uma juventude quase esquecida e que não se viam na linha de tempo. Pensa, e sente.  Foi-se um visionário. Um visionário do bem. Um homem que construiu ao longo do seu tempo, um tempo só seu, dividido entre aqueles que o amavam, o compreendiam, o aceitavam. Ao tempo dos seus 81 anos em que abraçou uma perspectiva de vida. Vida no seu tamanho natural.
                         Lá, no alto de onde se descortinava a cidade que amou e que se dedicou por oito décadas,  o amigo  deixou-lhe o último abraço. Não partiu, sibilou. Acomodou-se Deraldo Dias. Viajou num  silencio que cultivou por uma vida. Apagou-se a serenidade; a voz gentil de um cavalheiro das antigas. O que cultivava o bom senso e a gentileza sem que perdesse, jamais, a autoridade sensata de suas opiniões.

                       E assim minha terra fica menor. Não porque mais um maior saiu de cena. Mas porque teima em não surgir seguidores. Sequer, imitadores. Na transição de nossos pais, o medíocre; o ilusionista; o deseducado; o analfabeto político, enfim, o corrupto, assume pose de imperador e ares de inteligente. E o novo envelhece na adolescência e cai no fundo do poço da mediocridade. Descanse, em paz, Deraldo Dias.

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