O fato mais importante no dia de
ontem foi aquele que não aconteceu. Explico: foi a surpreendente ausencia do
prefeito Tarcísio “Liso” Pedreira na audiência em que o próprio é acusado de compra
de voto e que pode levar à cassação de seu mandato pela Justiça. Não entenderam?
Bem, para os marinheiros de primeira viagem na arte de entender os meandros da
política pode assim parecer. Mas para os mais argutos, perspicazes e leitores
das “entrelinhas”
há duas leituras a serem feitas que, na verdade, é uma só.
Vamos aos
fatos. Corre à boca pequena que as relações entre o prefeito Tarcísio e o vice Agripino
Ramiro dos Santos (Pininho) não andam às mil maravilhas. Pelo contrário: o relacionamento
entre os dois está estremecido e a ausência de Tarcísio “Liso” Pedreira foi uma
represália. Ou melhor: um aviso para que ele, o vice, entre na linha. O que
significa “entre na linha” o
passarinho do Pé de Fícus do Bar de Osvaldo ainda não pode determinar.
A segunda leitura
é a de que as testemunhas ouvidas no dia de ontem comprometiam, no entendimento
do prefeito Tarcísio, exclusivamente o mandato da vereadora Fidelina Araújo dos
Santos, também conhecida como Lúcia. Em outras palavras, se comprovada a sua
culpabilidade, ou seja, de que tentou comprar por R$ 250 o voto de duas
eleitoras residentes no povoado do Alecrim para que votassem em Tarcísio ela é
que perderia o mandato e não ele (o prefeito).
Fidelina Araújo
dos Santos foi acusada por duas eleitoras de tentar comprar seus votos oito
dias antes das eleições. As duas (Cleidione Santos Souza e Lucivania Santos
Souza) relataram em seus depoimentos que a hoje vereadora Fidelina Araújo dos
Santos esteve em suas casas e ofereceram R$ 250 para que mudassem seus votos. “Ela
perguntou em que eu votaria. Eu respondi que em Dr. André (candidato do PT).
Ela então me ofereceu R$ 250 reais para que eu mudasse meu voto para Tarcísio
Pedreira”, relatou Lucivania Santos Souza que não aceitou a oferta “porque sei
que é um crime eleitoral”, disse.
Esta foi uma
estratégia burra. Se o prefeito queria punir o vice por alguma desavença entre
ambos o fizesse de outra maneira. Da forma como agiu cometeu, na verdade, dois
erros. O primeiro, o de brigar com seu principal aliado, independentemente de
qualquer desavença atual, e o segundo, por uma estratégia falha: qualquer leigo
poderia ter avisado ao atual prefeito que a culpabilidade da vereadora Fidelina
Araújo dos Santos é um tiro certeiro no seu coração. Ou seja, comprova de que
houve, de verdade, compra de votos a seu favor. Por acaso esqueceu que a
vereadora é esposa de seu vice?
No salão onde
as testemunhas eram inquiridas pela juíza Manuella Rodrigues Fernandes; pelo
promotor público Tiago Alves Pacheco e pelos advogados de acusação e
defesa apenas Dr. André Andrade estava presente. Isso levou às pessoas que estavam no salão e nos corredores do Fórum a questionar a ausência de Tarcísio “Liso” Pedreira. A surpresa de sua ausencia só fez aumentar os rumores das razões para tamanha descortesia.
Não sem razão era perceptível o nervosismo de “mainha” durante a
inquisição.
O julgamento
do atual prefeito ainda vai se arrastar por mais dois meses. Ficou claro ontem
que a juíza Manuella Rodrigues Fernandes deve encerrar a atual fase de
instrução no início de setembro e que no máximo até outubro deve prolatar a
sentença, ou seja, se cassa ou não o mandato do atual prefeito por abuso de
poder econômico, ou compra de votos.
Certamente um erro do prefeito, que é sim atingido com uma possivel condenação da vereadora... uma coisa que não consigo entender é a lentidão da juiza Manoela, nenhuma comarca é tão lenta quanto a de Queimadas! Ao que parece ela tá sem coragem de cassar o prefeito, os prazos que ela usa pra marcar as audiências são exagerados e muito diferentes dos de outros juizes que venho acompanhando...
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