segunda-feira, 8 de julho de 2013

Caos na Saúde de Queimadas

Falta de médico e morte provocam revolta



           Morte, tristeza, emoção, revolta e princípio de tumulto marcaram o início desta manhã no Hospital Dr. Edson Silva na sede do município de Queimadas. Nem a Polícia e, muito menos, a Secretária de Saúde, Indira Sales e o prefeito, Tarcísio “Liso” Pedreira apareceram na Unidade de Saúde para contornar a situação que, em determinado momento quase termina na invasão das dependencias do hospital com conseqüências imprevisíveis.
            No momento mais tenso as quase cem pessoas (entre pacientes e populares) que se concentraram em frente à unidade hospitalar quase depredam a única ambulância estacionada. É que chegou uma mãe (que preferiu não se identificar, mas é moradora da cidade) com as duas filhas (crianças) com vomito e diarréia, além de dores na nuca e na foram atendidas, levando ela ao desespero. Uma técnica de enfermagem, também não identificada, sugeriu que a mãe fosse para casa e aguardasse a chegada do médico plantonista.
            Isso revoltou pacientes e pessoas que já se encontravam na unidade e estes sugeriram que a ambulância transportasse as duas crianças e outros pacientes em estado mais grave para o hospital da cidade de Santa Luz. Como por exemplo, dois irmãos, Manoel Gama de 76 anos e Luiza Gama de 70 anos que chegaram ao hospital às sete horas vindo do povoado da Lagoa do Alto, na região de Lagoinha com vômitos, febre e diarreia, inclusive, com sangue.
A situação era tão grave que Luiza Gama foi internada mesmo sem a presença do médico. “Já meu irmão Manoel Gomes ficou encolhido num banco sentido dores horríveis no abdômen”, relatou Valeriando Gama. A reação de populares e pacientes e a falta de educação do diretor de Transporte da Saúde, conhecido por Edilson, única autoridade presente no hospital, inclusive passando por cima da enfermeira chefe do dia, Elisa Soares, por pouco não provocou um quebra-quebra generalizado.
Presente no momento mais tenso, o vereador Mário Régis (Régis da Ambulancia), cobrou a demissão sumária da Secretária de Saúde Indira Sales e afirmou que a Saúde em Queimadas vive um momento de verdadeiro caos. Ele responsabiliza também o prefeito Tarcísio “Liso” Pedreira pelos desmandos. “Ele perdeu o rumo. A crise é provocada pelos gastos que ele tem com os advogados para defende-lo no processo por compra de votos. Por isso o município não tem recursos para atender as necessidades do povo, como a saúde”, desabafou. Leia abaixo, a entrevista com o vereador.
A revolta aumentou, ainda mais, com a saída do diretor e plantonista do Hospital, o médico João Fernandes que não esperou a chegada do plantonista de hoje, o médico João Washington ex-diretor da unidade que só chegou ao hospital às 11 horas da manhã quando o tumulto e a confusão já estavam formados.
“Como é que um médico deixa o hospital, na qual é diretor com dezenas de pacientes, inclusive crianças e idosos passando mal, e com uma pessoa morta sem preencher o formulário encaminhando o corpo para ser necropsiado na cidade de Senhor do Bonfim, já que se recusou a fornecer o Atestado de Óbito? Esta pergunta era feita pelo sargento da reserva da PM, Aroldo Salgado. Foi ele que levou sua sobrinha (filha de sua mulher) para o hospital.
Sargento Salgado, inclusive, faz ressalvas quanto ao atendimento e o primeiro diagnóstico do Dr. João Fernandes. Ele conta que sua sobrinha, Francineide dos Santos Ferreira, de 28 anos, portadora de necessidades especiais, deu entrada no Hospital Dr. Edson Silva com dores na nuca, diarréia e vômitos às 05 horas da manhã e pouco mais de duas horas depois, às 07:42 horas estava morta. Para o médico, segundo ele, ela morreu porque estava desnutrida e desidratada. “Se isso era verdade então porque se recusou a entregar à família o Atestado de Óbito para podermos enterrá-la”? questiona.
Somente quatro horas depois, já na cidade de Gavião aonde já chegou atrasado para o plantão no hospital local é que o Dr. João Fernandes resolveu liberar o Atestado de Óbito. Mas com uma condição: que a Secretaria de Saúde enviasse um veículo para pegar o papel. É o que a família, neste momento (12 horas) está à espera.
Vários outros pacientes estavam revoltados com a ausência de médico e com o tratamento dispensado por funcionários do hospital. “Cheguei ao hospital às sete horas com dor na nuca, vomito e diarréia e uma técnica de enfermagem mandou que eu voltasse para casa e aguardasse a chegada do médico”, alegou Josenir Santos Oliveira. Outro paciente não atendido foi Nicanor Carneiro da Silva de 72 anos, da localidade de Jacurici da Ponte. Ele havia sido liberado do mesmo hospital 24 horas antes. Hoje retornou acompanhado de sua mulher, Ana Barbosa da Silva, também com os mesmos sintomas.
Mas duas pessoas, Isanir Batista Oliveira (mãe) e Núbia Santos Oliveira apresentavam o mesmo sintomas. “Isso é um absurdo. Nós viajamos quase uma hora para sermos atendidas. Viemos da Fazenda Santa Terezinha distante cerca de 30 Km da sede do município, próximo ao povoado do Alecrim. Outra que estava revoltada com a falta de médico era Maria Lúcia Barbosa. Moradora do Povoado da Ponte Nova ela foi visitar a paciente que morreu. É uma vergonha a situação do Hospital e a falta constante de médico”, gritava.

Vereador cobra demissão da Secretária de Saúde

A revolta e o princípio de tumulto atraíram populares, além de políticos como o vereador Mário Régis Barbosa, conhecido como Régis da Ambulancia. Para ele, esta é a pior gestão da saúde em todos os tempos em Queimadas. “Não digo que a situação era boa anteriormente. Mas piorou, e muito, nestes últimos seis meses com a administração Indira Sales. Na verdade não tem Saúde em Queimadas e a gestão está um caos. Se chegar alguém agora morre porque não tem médico e é algo que vem ocorrendo continuamente”, afirma.
Para o vereador, o povo é quem paga e sofre por aquilo que ele chama de irresponsabilidade. “E não quero culpar apenas a Secretária Indira Sales. “Todos nós sabemos que ela não tem preparo para ocupar uma secretaria como a da Saúde. Ela tem medo do povo porque se fosse preparada para o cargo estaria agora enfrentando a realidade da sua desastrada administração aqui, em frente do povo procurando uma saída para a crise”, desabafa. Para Régis da Ambulancia o culpado maior pelo desastre na saúde é o prefeito Tarcísio “Liso” Pedreira.
A situação em Queimadas, de acordo com o vereador é grave. “Sexta-feira passada estive numa das emissoras de Rádio da cidade e denunciei a gestão do atual prefeito. Sete meses após assumir o cargo de prefeito ele não disse a que veio. Na verdade, ele perdeu o rumo”. Para Régis da Ambulancia isso se deve aos gastos que o prefeito Tarcísio “Liso” Pedreira vem tendo com a banca de advogados para tentar salvar seu mandato por compra de votos, conforme processo a que responde na Justiça, acredita.
O vereador diz que o prefeito nega estar pagando advogado com recursos públicos. “Mas de onde ele tira este dinheiro que sabemos não é pouco? pergunta. O vereador declarou que vai formar uma comissão suprapartidária e vai convidar entidades, como o Conselho Municipal de Saúde para discutir o que a sociedade quer fazer. “Temos que corrigir rumos já que o prefeito perdeu o seu. O que não podemos permitir é que as coisas continuem da forma como estão”, finaliza.

Delicada situação da Secretária

O abandono do plantão (não esperou a chegada de seu substituto, normalmente às 7 horas da manhã) do médico João Fernandes atual diretor do Hospital Dr. Edson Silva; a morte da paciente; o atraso do plantonista e o tumulto em frente à unidade hospitalar fez crescerem os rumores de que o cargo de Indira Sales “está por um fio”.
É que a repercussão da má gestão da Saúde atinge “em cheio” o prefeito Tarcísio “Liso” Pedreira e não apenas a Secretária. Mesmo que isso contrarie interesses políticos. Afinal, a atual secretária é uma indicação dupla: do pecuarista Ademar Moura e Silva (a secretária é sobrinha de sua mulher) e do reeleito prefeito de Nordestina, ambos financiadores de sua campanha a prefeito.

Afastamento do Conselho

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Flaviano Moura presente durante a revolta da população e que chegou, inclusive, a chorar com a situação das duas crianças que não foram atendidas, afirma que vai pedir o afastamento da Secretária Indira Sales do Conselho e vai solicitar uma audiência com o prefeito para pedir a sua exoneração.
“Desde a morte daquele rapaz que sofreu um acidente de moto e morreu dentro do hospital porque não transferiram para uma unidade onde pudesse ser operado que o prefeito deveria ter demitido a atual secretária”, diz ele. Para Moura, a situação se agravou com o “sumiço” do prontuário de um paciente que, dias depois, apareceu nas mãos do advogado que defende o prefeito no processo por compra de votos em que pode perder o mandato.

“Não por acaso, ele é testemunha no processo contra o atual prefeito por compra de votos. Naquele momento, assim que a Justiça determinou a abertura de um inquérito policial para apurar a retirada de um documento que é sigiloso e só poderia sair do CAPs com autorização judicial, ela deveria ter pedido demissão ou sido demitida”. diz.

Complemento

Logo após a publicação da matéria no facebook e no blog o motorista Edilson Bispo da Silva, supostamente Diretor de Transporte da Saúde e citado na matéria ligou para este editor revoltado e irritado por seu nome ter aparecido na matéria. Depois de alguns minutos criticando minha atuação como Secretário de Saúde na gestão passada, inclusive de que eu (não a Prefeitura) fiquei devendo seu salário (provavelmente o mes de dezembro), chegou, inclusive, a me chamar para resolver as diferenças (lá dele, não minhas), na rua.
Ele não gostou porque eu disse que ele se portou com falta de educação (grosseria) durante a confusão. Como relatei na matéria muitas pessoas se revoltaram com a situação da mãe de duas crianças que não foram atendidas por falta de médico. A ponto de alguém "socar" a ambulancia. Neste momento ele partiu para cima dessa pessoa e pediu que ele lhe batesse. No nosso entendimento essa não é maneira correta para apaziguar um momento crítico.
Seu papel enquanto Diretor de Transporte da Saúde era chamar a Polícia para conter os animos exaltados e não acirrar e chamar a pessoa para a briga. Ele não aceitou as ponderações e negou, inclusive, que exerça qualquer cargo na secretaria. "Prove que sou diretor", questionou. Bem se não é diretor é o que? Sou motorista", respondeu. Se é assim algo deve estar errado. Caso fosse motorista deveria então estar fazendo este serviço e não à disposição do hospital sem ter nada para fazer, a não ser querer briar durante tumulto na porta do hospital.

4 comentários:

  1. Interessante, que você Haroldo, foi secretário de saúde do município de Queimadas e muito pouco fez pela população e agora fica tentando ganhar ponto diante da situação, não quero defender o prefeito não, mas falo como profissional, coisa que vc não soube ser enquanto secretário de saúde,pelo menos tente entender o que é saúde, pra depois você criticar, saiba que quem ficou em casa vários dias com diarréia com sangue pode esperar mais alguns minutos ou horas, e se tiver apresentando os sintomas no mesmo dia em que procurou assistência, pode aguardar... Tente se aprofundar mais sobre o assunto.....

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    1. Caro anonimo
      Ainda bem que voce não se identificou. Caso o fizesse a secretária Indira Sales teria obrigação de demiti-lo porque fica claro que voce é da área da saúde se bem que não profissional, pelo menos competente como deveria. Defender a atual administração com a a afirmação de que crianças ou idosos já acometidos por uma virose por vários dias deve ficar em casa aguardando o médico porque este não não se encontrava na unidade de saúde é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Talvez aí esteja a razão do caos na saúde: Secretária, como disse o vereador Régis da Ambulancia, despreparada para o cargo e, neste caso, servidores desqualificados para exercerem a profissão. Não todos, é claro. Depois Anonimo, aprenda a ler para entender o que foi escrito. Quem criticou a secretária e o prefeito foram os pacientes, os populares revoltados e o vereador. O blog apenas registrou os fatos. Na vã tentativa de defender o caos instalado no seu setor voce apenas demonstra o seu desconhecimento, a sua ignorancia.

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  2. Ele pode não ter feito muito pela saúde, mas nesse caos também a saúde não ficou!

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  3. eh por isso q eu sou maurinho

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