O “passarinho do pé de fícus do Bar de Osvaldo” que vez em quando
sai a perambular em voos rasantes pela cidade e, algumas vezes pousa em locais
de onde tira ensinamentos preciosos para o seu lazer diário, esteve hoje na
barbearia de “Fan”, point tão importante quanto o Bar
de Osvaldo ou o “passeio da casa de fiinha”, quando
o assunto é política, notadamente política queimadense. E, como é de costume,
saiu alentado com tantos ensinamentos ali recebidos e pronto para traze-los à
discussão com os seus poucos, mas fies leitores.
Com
seu jeito matreiro, com sua voz adocicada que em momento algum parece vir de um
ex-delegado de Polícia e de um ex-vereador (profissões, digamos assim, que
moldam o ser humano a uma agressividade que muitas vezes não a possuía),
Waltinho, um gentleman da conversação franca falava do calor que nos últimos
dias assalta a todos, com o mesmo saber com que fala de política e da defesa de
melhores dias para nosso município.
Sem
pestanejar diz: “a barragem da leste não
demora a secar. Também com um mangote
diariamente a jogar água fora, o que esperar?”. O “passarinho” levantou as
asas mostrando surpresa, na verdade, desconhecimento. Ele percebeu e,
gentilmente explicou: “é a bomba da Cerb
que veio para retirar a areia do fundo da barragem para aumentar o volume de
água retido. É que ela desde que começou a funcionar areia nunca tirou, mas a
água, ah! essa sim, jorra a vontade”, explicou.
E continuou
com a sua sabedoria de homem acostumado às intempéries do tempo em nosso
sertão: “solução para Queimadas só com a
construção de pelo menos mais três barragens de médio porte. Uma, na área do
Filtro (Alto da Jacobina, acima da Ponte Ferroviária) numa altura suficiente
para que a água armazenada chegue ao mesmo nível da Barragem da Leste e se
espraiasse Rio D´Água acima. Uma segunda, no encontro dos rios Açu e Mirim, lá
pras bandas de João Guedes, e a terceira abaixo da Barragem das Correntezas”.
Fan,
enquanto esvazia as penas brancas do sessentão “passarinho do pé de fícus do Bar
de Osvaldo”, faz cara de muxoxo, interrompe a sua destreza com a
tesoura e pergunta como se não estivesse escutando as palavras de Waltinho: “Vai sonhando, porque deste pesadelo já me
livrei”, diz e encara o passarinho pelo espelho e fulmina: “Queimadas tá fora do centro do mundo e não
consegue nada do governo”.
A
fala mansa, suave e com timbre de um avô a explicar a seu neto as estripulias
da Caipora
a quem se aventura a entrar na Caatinga sozinho e desacompanhado do
fumo de corda, nos traz de volta ao cenário político: “Isso só ocorrerá quando, e se, as lideranças políticas queimadense
entenderem que só com a união de todos é possível conseguir as obras e os
projetos que transformarão nossa realidade”, diz e explica:
“Alguém sabe quantos candidatos a deputado
estadual tiveram votos em nosso município”? E complementa: “mais de 130. E à
Camara Federal? Mais de 60” complementa. Ai está, segundo ele, a razão para
não conseguirmos absolutamente nada para Queimadas. “Não temos representação política e o pior é que se o mesmo esquema se
repetir nas eleições do próximo ano continuaremos a ser um ponto distante no
mapa político da Bahia e do Brasil”, pontua.
Ainda
bem que minhas penas já estavam devidamente podadas e pude sair de fininho. O
que responder a este homem de fala mansa, suave e com timbre de voz de avô?
Dizer que ele estava enganado e que a democracia exige a participação de todos,
pois assim se forma e consolida-se a cidadania? Que nossos problemas não são de
representação, mas, sim, de incompetência gerencial? Neste momento, o melhor é
parar para pensar e analisar.
Até porque, livre da tesoura, Fan
vaticina com aquela lamúria tão própria do nosso sertanejo calcinado pelo sol
escaldante: “quero vê o macho que consegue
unir nossas lideranças. Isso nunca vai ocorrer. Nem pelo desenvolvimento do
nosso município. Vereadores e lideranças estão preocupados, exclusivamente, com
seus assuntos pessoais. Na hora “H”
(ou seria, agá) em que surge o santo dinheiro de cada deputado, a união desaba.
Fala mais alto os interesses pessoais”. Alguém divida? O “passarinho”, não.
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