terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Uma geração que parte





A voz que cantava Marina de Dorival Caymmi nas noites enluaradas ou escuras pelas ruas e becos desta terra encantada situada às margens do Rio Itapicuru, especialmente aonde sua amada de uma vida toda pudesse ouvi-la, partiu e deixa, como outros de sua geração o fizeram anteriormente nossa terra mais pobre. Não era uma voz apenas a soar nas sombras da noite. Era um estilo de vida, de história e de fazer política que vigorou por mais de 70 anos criando um caldo  cultural passado às gerações seguintes. Claro, sem o brilho dos primeiros.

Foram esses homens e mulheres atávicos nascidos nas décadas de 20 e 30 que cristalizaram o que hoje somos, mas, como disse antes, sem o brilho dos que já partiram. Os das gerações seguintes, mas em especial, as gerações dos anos 40 e 50, 60 e 70 tiveram o prazer de observar e aprender, diariamente, um estilo de viver, interpretar e cultuar esta Queimadas, hoje, tão pobre de estadistas.

Era da Farmácia de Analdino Brito que, ao cair da tarde, homens como Pompeu (que partiu ontem aos 90 anos) na companhia de outras figuras emblemáticas e ativas costuravam e cultuavam o saber que passariam às novas gerações. Deraldo Dias, Carlinhos Oliveira, Joel Suingue, Abelardo Borges e os ainda vivos, Ivo Moreira Suzart e Waldes Ferreira da Cruz entre outros marcaram à ferro e fogo suas passagens entre nós.

Caberá a nós, descendentes deste aprendizado, perpetuar e transmitir às novas gerações este legado. Preocupa-me o fato de que somos menores e talvez não estejamos à altura de transmitir ensinamentos de toda uma vida. Lembro-me, neste momento, de Pompeu. Do seu amor e seu cuidado com a professora Zininha nos últimos meses, que um quadro de um gênio da pintura não conseguiria reproduzir.

Só um amor e uma sabedoria profundos, acumulados por uma longa vida de dedicação e carinho permitia=nos ver ao vivo e a cores o carinho e a dedicação de Pompeu à sua amada, quando os dois almoçavam no restaurante de Carlinhos, seu filho. Cena que poucos tiveram a oportunidade de presenciar. Pena porque esta, entre tantas, dava o tom, a cor e o som de uma vida a dois inigualável.


Meu abraço aos seus descendentes.

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