terça-feira, 18 de maio de 2010

Abandono geral

Os órgãos estaduais não se entendem, os governos (de Luis Viana Filho a Wagner) trapaceiam e a prefeitura de Queimadas se omite. Enquanto isso, um patrimonio construído há mais de 50 anos se dilui pelo crime de abandono. Hoje, este patrimonio incomparável para o município de Queimadas até a década de 80 agoniza, enquanto baderneiros, ladrões e muita gente de bem depreda e assalta o que restou da Sementeira (Horto Florestal) e da Ilha uma área de suporte e de pesquisa para a produção de mudas de todos os tipos, em especial, a Algaroba, às margens do Rio Itapicuru.
Agora, pelo que se sabe, um novo assalto está prestes a ocorrer: a Ebal, que mais parece o “Ricardão”, surge na história a correr atrás da gostosona “mulher do vizinho” transvestida de dona da zona e se diz proprietária das duas áreas. Para isso mostra documento de que é proprietária dos espaços desde o longínquo ano de 1958.
Aliás, alertado pelo companheiro Ivan Lantyer a Ebal também quer a antiga área pertencente ao Caseb (antigo depósito, se a memória não me falha, da Conab), hoje emprestado à prefeitura que mantém o setor de Transporte. O mais grave é que a Ebal, segundo ameaça o seu preposto de prenome Santiago, vai reclamar, também, a área circunvizinha, invadida anos atrás por dezenas de famílias que construíram suas casas e nela vivem há mais de 20 anos.
Mas, espera ai! A Ebal não é uma empresa de alimentos, ou seja, uma rede de supermercado estatal? Aquela mesma que foi criada pelo ex-governador Antonio Carlos Magalhães e entregue pelo governador Paulo Souto ao governo Wagner quebrada e assaltada com rombo superior a R$ 250 milhões?
Não duvidem. É esta mesma empresa que agora se arvora em dona deste patrimonio que pertence ao povo queimadense que a prefeitura de Queimadas já deveria ter tombado e assumido a sua gestão implantando ali uma sala de teatro; uma biblioteca, seu parque administrativo, ou o que seria mais correto, lutado junto aos governos Lula e Wagner para a implantação de uma Escola Técnica Federal.
Mas nada disso aconteceu. Depois de seu último morador e último a gerir a Sementeira, o ex-prefeito Abelardo Borges, já falecido, o empreendimento foi abandonado pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), a verdadeira proprietária da área e que por mais de 50 anos administrou a Sementeira ou Horto Florestal.
Sabe-se, por se ouvir dizer, que o governo do Estado, algum tempo atrás, decidiu ali implantar os órgãos administrativos estaduais, tipo Detran, Delegacia de Polícia, cadeia pública, comando da PM entre outros órgãos, inclusive, do poder municipal. Não passou de boatos e apenas o escritório da EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário -, passou a funcionar na sede da residencia do antigo administrador.
Anos sucessivos de abandono, sem reformas ou investimento em infraestrutura e tudo foi abandonado. Da produção de mudas às edificações. E o resultado foi a depredação atual. A própria EBDA abandonou o local e alugou um casa que hoje lhe serve de escritório. Sabe-se que durante o governo do ex-prefeito José Mauro de Oliveira Filho, que responde a 12 processos por improbidade administrativa, o Estado teria passado à administração da Prefeitura as duas áreas. Se o foi ninguém, oficialmente, tomou conhecimento.
O que se sabe é que um preposto da Ebal esteve ontem (17) prospectando os dois imóveis e assegurando que ambos pertencem à empresa. Se tivéssemos um homem de caráter à frente do município de Queimadas só haveria uma resposta à impertinencia: a desapropriação das duas áreas. Mas temos um capacho cassado (duas vezes) pela Justiça – Tribunal Regional Eleitoral – que se sustenta no poder por meio de uma liminar. Que vergonha para a nossa Justiça.
Então não há nada o que se esperar. As duas áreas são supervalorizadas, localizadas no Coração da cidade (a Sementeira) e fica difícil entender o que pretende a Ebal ao reclamar para si as propriedades. Para vender? Para ali instalar um depósito gigante? Inadmissível o silencio do atual gestor. Inadmissível o silencio de entidades da sociedade civil que se curvam aos ditames do poder sem questioná-lo. Inadmissível o silencio do povo queimadense.
Não temo em afirmar que o que aconteceu com a Pedra do Juazeiro; com a antiga Estação da Leste e com o que está acontecendo com a sede da antiga administração municipal e da Cadeia Pública e com outros monumentos históricos do município vai se repetir com a Sementeira e com a Ilha. Triste povo aquele que não luta para preservar o seu legado cultural, natural e histórico.

2 comentários:

  1. Não se supreenda caro blogueiro, pois o que ocorre na nossa terra, trata-se da inoperância deliberada dos nossos homens público, sendo certo que de "público" nada os possui. No entanto, devemos observar a quantas anda nosso sofrido povo queimadense, acredicando que um dia possa virar a página dessa escabrosa realiadade, muitas vezes corroborada na sanha incomensurável da sede de usufruir os cofres públicos sem qualquer punição exemplar. Acredita-se tanto na impunidade que sequer teme qualquer ação judicial - diga-se de passagem - JUSTIÇA DESACRETIDATA, DESMORALIZADA E QUE PRODEGE SEMPRE OS PODEROSOS, em que o povo também sem qualquer líder, capaz de alavancar à sociedade para um basta nesta situação, por isso possibilita-se tamanho descaso, desrespeito à memória de um povo que mesmo sem saber o seu rumo, agoniza-se à espera de um "salvador", haja vista que jamais exitirá, enquanto o próprio povo não resolva seus problemas, qual seja, caminhando firme em seu propósito de lutar por dignidade, lotando-se as ruas para pressionar e exigir de seus governantes mais respeito com seus direitos, sejam eles culturais, artísticos, científicos e, sobretudo humanos, para que todos possam de uma vez por todas exterminar esses usurpadores da coisa alheia e que há muito vem dilapidando nosso patrimônio humanístico como se fossem deuses, acima do bem e do mal, sem nenhuma manifestação que os relegue a meros malfeitores da humanidade, conotação essa que deveria ser afixada nos átrios de todos os patrimônios públicos, como lugar de cotume.

    De um sertanejo que sempre busca contribuir com nossa terra.

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  2. O Casebre,hoje Secretaria M. de Transporte,tambem vai pertencer ou pertence a Ebal,vai trazer problemas pra moradores que que envadiram ilegal a sua area toda ao redor do patrimonio,ontem o representante da Ebal informações nos orgãos estaduais munido de documentos legais da Sementeira,Ilha e Casebre.

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