Por SergioMedeirosR, no blog do Nassif
Quando o escritor Oscar Wilde escreveu, por volta de 1891, acerca de um jovem aristocrata inglês, que se mostrava eternamente jovem, pois tinha feito um pacto com o demônio para que sua imagem fosse sempre jovem e bela, enquanto em um porão de sua casa, uma pintura em que era retratada a sua pessoa, envelhecia e se tornava cada vez mais repugnante, a cada ato seu de maldade, a cada vilania cometida.
Neste momento, penso eu, talvez a história esteja se repetindo.
Quem a vê na televisão (e certamente este é um motivos para tal espaço) o belo rosto desta apresentadora, lindos cabelos, roupa de grife, pele limpa, gestos elegantes, sorriso cativante, não pode imaginar o que se esconde por trás desta aparência.
Entretanto, depois de cada ato, de cada gesto, de cada fala, aos poucos as pessoas estão se dando conta de quanto preconceito e mal disfarçado ódio e desprezo, resulta de suas manifestações.
Esquece, em seus conceitos, o que é viver em sociedade, se coloca como uma figura à parte, e se auto intitula e aos que pensam como ela, como homens de bem, cidadãos responsáveis, pessoas justas, que justificariam a manutenção do mundo, o seu mundo.
Esquece que, na classe média e alta, em que estão os indivíduos, com os quais ela se identifica (pela aparência e classe social) e que identifica como pessoas de bem, está a quase totalidade dos sonegadores e corruptos deste país, pois são estes que tem acesso aos grandes recursos econômicos disponibilizados.
Esquece que, ao contrário, estes pobres, que segundo sua ótica não merecem ser chamados de cidadãos de bem, primeiro porque não tem bens, depois porque não se vestem adequadamente, tem péssima aparência, (e, suprema culpa), vivem suados e sem perfume, porque para comer o pão de cada dia, suam seus rostos e corpos.
Esquece que numa sociedade em que, apesar de 40 milhões de pessoas terem ultrapassado a linha da extrema miséria (e seu discurso é essencialmente contra estas pessoas) e que outros mais de 20 milhões continuam nesta situação, são exatamente as pessoas de bem, que teriam a responsabilidade para emancipá-los, não para desprezá-los, roubá-los (a sonegação é um assalto a mão armada contra estas pessoas), não para tentar diminui-los como seres humanos, e assim justificar suas culpas.
Esquece que não existe violência maior que condenar estas pessoas, inocentes, a passarem fome e privações, enquanto outros, em sua maioria homens que se intitulam de bem, do alto de seu conforto, para manter intacto seu status quo, tentam marginalizar toda esta população carente.
Esquece que para ser um homem de bem, primeiro é preciso ser homem, e tal condição não prescinde do atributo humanidade, honestidade, solidariedade e busca de dignidade para todos os seres humanos, pobres e ricos.
Esquece que a condição social de classe média ou rica, com suas posses e poses, com viagens para Europa e Estados Unidos, roupas de grife, bem apessoados, fama, status, casas caras e luxuosas e espaço na mídia, tudo isso não faz um homem...
Esquece ou talvez mesmo não saiba que um grande homem se faz com gestos como os de Jesus Cristo, de Martim Luther King, de Mahatma Ghandi, Madre Tereza de Calcutá, Irma Dulce, que estendem a mão para todos, principalmente pobres e crianças e pessoas de boa vontade, pois nestes está o atributo da humanidade, decência, dignidade...imagem e semelhança.
Talvez seja por isso, talvez seja este o motivo de tanto ódio deste povo pobre, porque apesar de tão bela, tão elegante, tão rica, tão soberba...o problema é que...
...nesta imensa massa, sem dúvida alguma, a maioria é mais bela que você, mais limpa, mais digna, mais humana.
Consta que, recentemente, foi encontrada uma pintura...
...Olhai os lírios do campo, eles não tecem nem fiam, mas nem Salomão em toda sua glória se vestiu como deles...
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