Ao
final (último parágrafo) do post "Um prefeito sem respeito e que age
como moleque" escrevi: “Aliás, lembro ao nobre vereador que traiu o
seu padrinho, que o caminhão compactador da empresa está parado há seis
meses e guardado a sete chaves. Como o vereador não é ingênuo, ele sabe aonde encontrá-lo”.
“Anônima”,
leitora atenta deste blog (bem vinda, professora), foi rápida no gatilho e atirou
com a certeza de que acertara o alvo ao apontar o erro (aonde no lugar de onde),
conforme escrito acima. Deduz-se, infelizmente, pelo formato do texto, que “Anônima”
ao dar o tiro não tinha como objetivo alertar o editor para o erro e evitar nova repetição.
Aliás,
essa é uma o observação sem qualquer dúvida pertinente e bem vinda porque ajuda
a melhorar cada vez mais o estilo, a qualidade e, sem sombra de dúvida, a
escrita deste simples blogueiro que não se considera um mestre do escrever
correto. Até porque não foi, infelizmente, aluno da professora Walquíria Vargas
Santana, de saudosa memória e, muito menos, do Ginásio Municipal de Queimadas.
Talvez, por isso, o escorregão imperdoável.
Mas
a verdade é que a “Anônima” e atenta leitora não teve por objetivo resguardar o “bom
português”. Foi uma tentativa vã de desqualificação. Observem a forma como ela
arma seu texto: “Sr. Haroldo: não é
aonde encontrá-lo e sim onde encontrá-lo, para
um jornalista que se auto denomina especialista em comunicação, lembre-se
da saudosa professora Walquiria Vargas Santana do Ginásio Municipal de
Queimadas que explicava que só com os verbos de movimento que usamos aonde,
exemplos: aonde você vai?, onde você mora?”
Apesar
do “escorregão” peço a atenta “Anônima” que continue vigilante e aponte novos
erros que, com certeza, voltarão a ocorrer. Mesmo porque não sou e nem me denomino especialista em comunicação. Sou apenas um jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia em Comunicação, com habilitação para o Jornalismo e especialista em MultiMeios pela FTC - Faculdade de Ciência e Tecnologia.
Mas, pelo menos sei que tenho uma
leitora de olho no blog. Ao ler sua observação, respondi com uma única palavra:
Anotado. Isso, em razão de que militando nessa área escorregadia optei por
procurar uma outra fonte, porém, mais competente e capacitada para estendermos essa
pequena discussão que, por certo, pode servir para um bom debate em sala de
aula.
Dessa
forma, resolvi promover esta pesquisa e publicar o texto da professora Marla
Andrade como um post. Acredito que, assim, este blog contribui para o bom
debate. Vamos ao material, então:
Por Marla Andrade, especial para o blog
É bem colocada a
observação da leitora sobre o uso do onde e aonde se tomarmos por
base a Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Para a gramática normativa
tanto onde como aonde são advérbios, relativos ou
interrogativos, consoante os contextos, mas sempre com valor locativo, isto é,
indicam o lugar.
A diferença
essencial é que onde deve indicar um lugar estático ou o local onde
algo está (ex.: o sítio onde deixei o carro é escuro; onde ficaram
os meus óculos?) e aonde deve indicar um movimento ou uma direção
para um lugar (ex.: deslumbrou-se com os museus aonde foi; aonde foram
ontem?).
A gramática
normativa é aquela que prescreve as regras, normas gramaticais de uma língua. Ela
admite apenas uma forma correta para a realização da língua, tratando as
variações como erros gramaticais. Atualmente é muito criticada pelos
gramáticos, pois já se admitem outras gramáticas como a descritiva, a gerativa,
etc. A Gramática Normativa toma como base as regras gramaticais tradicionais e
o uso da língua por dialetos de prestígio como por exemplo obras literárias
consagradas, textos científicos, discursos formais, etc.
Embora a Gramática
Normativa traga a regra explicitada acima sobre o uso do onde e do aonde,
a Linguística, Ciência que estuda a língua, traz conceitos e visões muito
diferentes. Segundo Santos et al. (2014), as palavras são originariamente
polissêmicas. Elas permitem a língua caracterizar um item lexical com uma
diversidade de significados que mantêm uma relação entre si.
Essa polissemia dá
ao usuário uma criatividade linguística natural e necessária. A diversidade de
sentido que as palavras podem apresentar possibilita às pessoas utilizarem-nas
de maneira variada trazendo para a língua uma riqueza de sentido, comprovando a
cada vez que ela (a língua) é um fenômeno heterogêneo, possui múltiplas formas
de manifestação, é variável, portanto está suscetível a mudanças que se
apresentam a partir de práticas históricas e sociais e essas variações e
mudanças se apresentam em situações concretas de uso.
Há que se
considerar ainda que, embora a gramática procure estabelecer diferenças entre o advérbio
onde – lugar em que – e aonde – lugar a que, encontra-se no uso
da língua o emprego de uma forma como podemos observar a partir dos exemplos
abaixo: (SANTOS et al., 2014)
Aonde você
estava? ou Onde você vai?
- Onde você
mora?
- Aonde?
A utilização da
língua por falantes baianos nos apresenta outro modo bastante difundido e
compreendido por falantes de variadas idades, classes sociais ou com diferentes
níveis de escolaridade. Assume o sentido de advérbio de negação bastante comum
na fala do baiano. Vale destacar que esta ideia contraria a classificação comum
dos advérbios, a qual apontam apenas o não como advérbio de negação.
É o que podemos
observar no diálogo abaixo:
– Salvador não é
uma cidade muito interessante!
– Aonde!!!?
Aonde assume
um sentido diferente, pois agora é utilizado metaforicamente para
negar. Ele deixa de ser um advérbio de movimento, de lugar, para se tornar
um advérbio de negação. É verdade que esse uso ainda está restrito à
coloquialidade da língua, mas nada impede que em breve ele seja dicionarizado.
Quanto ao uso de onde no
lugar de aonde, e vice versa, já está presente em muitas modalidades
da língua, principalmente nos textos da área da comunicação e vem sendo aceito
pelos linguistas, ficando de fora, por enquanto, os textos acadêmicos, mas tudo
indica que se proliferará com êxito.
O uso metafórico
da palavra em análise, no sentido de advérbio de negação, envolve domínios
cognitivos, ou seja, domínios da experiência do mundo, que permitem que esse
léxico “aonde” seja aceito plenamente nesse contexto e em muitos
outros, ou seja, a língua muda com o passar do tempo, com a influência dos
falantes, sua história, sua cultura etc.
Um absurdo?? Aoooooonnnnde!! Bom
demais!!! A língua muda e evolui como tudo na vida, pois reflete o próprio
usuário!! (A)Onde nós vamos parar? Na utilização democrática da língua, na
falta de preconceito linguístico e social com certeza!!
REFERÊNCIAS
CUNHA, Celso; CINTRA,
Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo.5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
FLIP. Como e quando se usa onde e aonde? Disponível em
http://www.flip.pt/Duvidas-Linguisticas/Duvida-Linguistica.aspx?DID=68>
Acesso em: 09 mar. 2014.
LAKOFF, George; JOHNSON,
Mark. Metáforas da vida cotidiana. Trad.
de Vera Maluf. Campinas: Mercado de Letras, 2002.
SANTOS, D. B. O. Aonde, advérbio de lugar – aonde um estudo
de gramaticalização do aonde na Bahia. Disponível em:<
file:///D:/Marla/116.pdf> Acesso em: 09 mar. 2014.
Satisfeita professora Carla?
ResponderExcluirEm mais uma manobra pra desperdiçar dinheiro público e surrupiar sei lá de que forma, o secrétario municipal e o prefeito, implantam mais um serviço de consultoria, que preferem chamar de "projeto", um tal de GEF, que pra mim é só mais um perda de tempo, pra tentar mostrar que estão fazendo alguma coisa pra melhorar a educação, quando na verdade o prefeito que é o principal responsável, deixa as escolas abandonadas e nada faz pra melhorar os colégios. Inclusive o preguiçoso secretário, mau anda nas escolas, até agora sem merenda e nada de realmente prático pra melhora a educação só maracutaias...
ResponderExcluirO senhor prefeito continua enchendo a prefeitura de contratados, com uma teoria suícida. Crê ele que desobedencendo as clausulas do TCM, que a camara aprovará suas contas, no entanto, esquece-se este cidadão, que nem sempre as contas vem com o prefeito ainda no cargo, quase sempre sobram uma ou duas contas pra frente, quando o cara não é mais prefeito e ai toma pau...
ResponderExcluirO vereador Valmir Barreto que de alguma forma tomou a redea do prefeito, está enchendo a secretária municipal de educação de funcionários contratados, colocando seus amigos jovens e parentes pra trabalhar, todos trabalhando pouco e ganhando muito, sem nehuma necessidade e pior só coloca quem nem tanto precisa do emprego, pessoas que há anos mamam nas tetas do municipio sem nunca ter prestado concurso, apenas ficam pulando de galho em galho, sempre pro lado que vai ganhar e vão ficando sem nunca terem feito concursos... onde está o promotor que no mandato de Serginho seu antecessor impos um tal de TAC, de ajustamento de conduta? Temos promotor em Queimadas? Está de férias? Está a passeio pelo municipio? ou não cumpre com seus deveres de fiscalizador?
ResponderExcluirÉ isso ai! E onde tá a APLB que no mandato de Serginho fez uma cruzada contra contratos e agora não fala nada?
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