O
leitor deste blog pode achar que este editor tem má vontade com o atual
alcaide, Tarcísio Pedreira pelas críticas, algumas delas contundentes, que faz
sobre a sua ação administrativa e o seu cotidiano. Mas isso é apenas o
exercício diário de um direito fundamental: a liberdade de expressão - se
acreditamos que vivemos num Estado Democrático de Direito. Até porque,
respeitando-se a verdade factual “jornalismo é oposição. O resto é armazém de
secos e molhados”, como assinalou corretamente o dramaturgo, escritor,
tradutor e jornalista Millôr Fernandes (1923/2012).
Por essa razão recorro mais uma vez ao Millôr após a constrangedora
participação do prefeito Tarcísio Pedreira e de um dos seus assessores, o “lambe-botas”
conhecido pelo apelido de “Totonho” que se diz especialista em
Meio Ambiente, durante audiência realizada na Câmara de Vereadores (ontem à
noite). O objetivo do evento, um dos mais importantes já realizados em
Queimadas, foi debater com a sociedade civil organizada e Poder Executivo a implantação
do Sistema de Esgotamento Sanitário da sede do município, um projeto que tem
custo orçado em mais de R$ 17 milhões.
“O que é pior – a chamada mentira piedosa ou a verdade cruel?”, pergunta
Millôr. A resposta: foi um vexame a intervenção do alcaide. Despreparado, sequer
sabia sobre o assunto a ser tratado. Ou por conveniência ou mesmo obtusidade.
Em post
anterior afirmei que o prefeito não tem estatura moral, histórica ou
cultural. Comprova-se, também, que não tem maturidade e preparo para participar
de embates de alto nível com a sociedade, quando a matéria é de interesse de
toda a comunidade. Em síntese, não passa de um “filho de mainha”.
Explico:
já no final da audiência, após o detalhamento de todo o projeto, seus impactos
sociais e econômicos que ocorrerão na sede do município com a execução da obra
e, posteriormente, com a entrada em operação do sistema, e de várias perguntas
dos participantes, Tarcísio Pedreira de forma intempestiva e vexatória protagonizou
um festival de asneiras.
Desrespeito
Menosprezou
o corpo técnico da Embasa, área social, sociológica, operacional e da empresa
responsável pela execução do projeto de todo o sistema que vieram a Queimadas apresentar
o projeto, conhecer o real sentimento da sociedade e debater, inclusive
possíveis alterações no projeto. “Vim aqui esperando que vocês viessem dizer
quando a obra seria iniciada e não estes detalhamentos que todos nós conhecemos”,
bradou indignado o prefeito para surpresa e constrangimento dos presentes
(exceção para os “puxa sacos” de sempre).
O
mal estar só foi superado pela presença de espírito e de solidariedade do Dr.
André que pediu a palavra e explicou detalhadamente o projeto e o objetivo da
audiência e também do presidente da Câmara, Lázaro José que deu um “puxão
de orelhas” no prefeito e no seu assessor.
Dr. André explicou a relevância do projeto e o significado da audiência em que todos,
sociedade e governo, debatiam uma obra reclamada por todos: a limpeza do Rio Itapicuru
com a retirada e tratamento dos fluídos sólidos (esgoto sanitário), além da importância
do projeto para sanidade do
ambiente, ao promover a manutenção da saúde humana, especialmente quando
projeto implica no manejo correto dos dejetos.
Quando
confrontado, o alcaide calou-se, apoiou uma das mãos sobre o queixo e ficou com
aquele olhar vazio de apalermado, de idiota a contemplar seu próprio cinismo,
como se seu oportunismo barato não tivesse consequências. Desmascarado o seu
oportunismo e momentaneamente confuso, o alcaide tentou levantar a tese de que
o município não teria condições de arcar com uma obra de tal porte, como se
isso tivesse sido pautado por qualquer dos presentes.
O
que foi explanado e com bastante clareza pelo engenheiro Claudemiro Santos,
responsável pela execução do projeto é que a prefeitura deverá, após a
conclusão do projeto ( a audiência faz parte deste processo) agir politicamente
junto aos seus representantes (deputados estaduais e federais, além de
senadores) e aos governos estadual e federal para que o recurso necessário seja
alocado e, com brevidade.
Admoestação
Não
bastasse a afronta do prefeito Tarcísio Pedreira aos técnicos e participantes
da audiência, o tal do “Totonho”, muito mais um palhaço de
circo (que me perdoem os verdadeiros mestres do riso), como um “uiraponga” (abelhudo) bradando a cada
aplauso de uns babacas que pensavam estar sentados num galinheiro de circo,
passou a usar o bico como martelo numa bigorna. Misturou Copa do Mundo, construção
de estádios, política da Embasa e outras sandices para nada questionar ao
final.
O
vereador Lázaro, de maneira sensata, cobrou-lhe coerência, discernimento e lamentou
que após o festival de sandices, abandonasse a audiência. Na verdade, o
presidente da Câmara fez uma admoestação não só à araponga, mas, e
principalmente, ao prefeito Tarcísio Pedreira pela vergonhosa participação de
ambos num debate civilizado que, ao final, o único ganhador é a população de
Queimadas.
O Projeto
Para
que os que não estiveram presentes à audiência entendam a extensão da vexação
proporcionada pelo Poder Executivo (exceção para o secretário de Agricultura
que pontuou corretamente suas observações), o Projeto de Implantação do Sistema
de Esgotamento Sanitário da sede do município se desdobra em várias fases ou
etapas.
A
primeira compreende o projeto técnico, em si, ou seja, o detalhamento, por
exemplo, da extensão da rede coletora dos resíduos; sua destinação aos
interceptores, daí às Estações Elevatórias até a destinação final onde serão
construídas a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e as Lagoas de
Estabilização e, claro, o custo de execução de toda a obra.
Do
projeto fazem parte, ainda, o detalhamento do impacto socioeconômico, a exemplo
da tarifa a ser cobrada; dos problemas que a comunidade enfrentará por ocasião da
execução das obras, quem são os beneficiários. A audiência de ontem faz parte
(é prevista em lei) de todo o processo, da mesma forma que a obtenção da
Licença Prévia fornecida por instituições ligadas ao Meio Ambiente municipal e
estadual.
Encerrada
esta fase o projeto é encaminhado para os setores responsáveis pela execução da
obra. Neste ponto, entra o que chamamos de Ação de Governo. Em outras palavras,
a luta dos agentes políticos (Prefeito e deputados e senadores votados no
município, independentemente da cor partidária) junto aos governos estadual e
federal em busca das linhas de financiamento.
Alocado
o recurso abre-se licitação e a empresa (construtora e não de projeto)
vencedora executa, no sentido de construir, a obra. As “abobrinhas” do Prefeito
Tarcísio Pedreira e de seu assessor são o que são, “abobrinhas” de agentes
despreparados para discutir o desenvolvimento do nosso município em debate com
a comunidade.
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