sexta-feira, 18 de julho de 2014

O vexame do prefeito de Queimadas







                O leitor deste blog pode achar que este editor tem má vontade com o atual alcaide, Tarcísio Pedreira pelas críticas, algumas delas contundentes, que faz sobre a sua ação administrativa e o seu cotidiano. Mas isso é apenas o exercício diário de um direito fundamental: a liberdade de expressão - se acreditamos que vivemos num Estado Democrático de Direito. Até porque, respeitando-se a verdade factual “jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”, como assinalou corretamente o dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista Millôr Fernandes (1923/2012).

         Por essa razão recorro mais uma vez ao Millôr após a constrangedora participação do prefeito Tarcísio Pedreira e de um dos seus assessores, o “lambe-botas” conhecido pelo apelido de “Totonho” que se diz especialista em Meio Ambiente, durante audiência realizada na Câmara de Vereadores (ontem à noite). O objetivo do evento, um dos mais importantes já realizados em Queimadas, foi debater com a sociedade civil organizada e Poder Executivo a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário da sede do município, um projeto que tem custo orçado em mais de R$ 17 milhões.

         “O que é pior – a chamada mentira piedosa ou a verdade cruel?”, pergunta Millôr. A resposta: foi um vexame a intervenção do alcaide. Despreparado, sequer sabia sobre o assunto a ser tratado. Ou por conveniência ou mesmo obtusidade. Em post anterior afirmei que o prefeito não tem estatura moral, histórica ou cultural. Comprova-se, também, que não tem maturidade e preparo para participar de embates de alto nível com a sociedade, quando a matéria é de interesse de toda a comunidade. Em síntese, não passa de um “filho de mainha”.

Explico: já no final da audiência, após o detalhamento de todo o projeto, seus impactos sociais e econômicos que ocorrerão na sede do município com a execução da obra e, posteriormente, com a entrada em operação do sistema, e de várias perguntas dos participantes, Tarcísio Pedreira de forma intempestiva e vexatória protagonizou um festival de asneiras.

Desrespeito

Menosprezou o corpo técnico da Embasa, área social, sociológica, operacional e da empresa responsável pela execução do projeto de todo o sistema que vieram a Queimadas apresentar o projeto, conhecer o real sentimento da sociedade e debater, inclusive possíveis alterações no projeto. “Vim aqui esperando que vocês viessem dizer quando a obra seria iniciada e não estes detalhamentos que todos nós conhecemos”, bradou indignado o prefeito para surpresa e constrangimento dos presentes (exceção para os “puxa sacos” de sempre).

O mal estar só foi superado pela presença de espírito e de solidariedade do Dr. André que pediu a palavra e explicou detalhadamente o projeto e o objetivo da audiência e também do presidente da Câmara, Lázaro José que deu um “puxão de orelhas” no prefeito e no seu assessor.

Dr. André explicou a relevância do projeto e o significado da audiência em que todos, sociedade e governo, debatiam uma obra reclamada por todos: a limpeza do Rio Itapicuru com a retirada e tratamento dos fluídos sólidos (esgoto sanitário), além da importância do projeto para sanidade do ambiente, ao promover a manutenção da saúde humana, especialmente quando projeto implica no manejo correto dos dejetos.

Quando confrontado, o alcaide calou-se, apoiou uma das mãos sobre o queixo e ficou com aquele olhar vazio de apalermado, de idiota a contemplar seu próprio cinismo, como se seu oportunismo barato não tivesse consequências. Desmascarado o seu oportunismo e momentaneamente confuso, o alcaide tentou levantar a tese de que o município não teria condições de arcar com uma obra de tal porte, como se isso tivesse sido pautado por qualquer dos presentes.

O que foi explanado e com bastante clareza pelo engenheiro Claudemiro Santos, responsável pela execução do projeto é que a prefeitura deverá, após a conclusão do projeto ( a audiência faz parte deste processo) agir politicamente junto aos seus representantes (deputados estaduais e federais, além de senadores) e aos governos estadual e federal para que o recurso necessário seja alocado e, com brevidade.

Admoestação

Não bastasse a afronta do prefeito Tarcísio Pedreira aos técnicos e participantes da audiência, o tal do “Totonho”, muito mais um palhaço de circo (que me perdoem os verdadeiros mestres do riso), como um “uiraponga” (abelhudo) bradando a cada aplauso de uns babacas que pensavam estar sentados num galinheiro de circo, passou a usar o bico como martelo numa bigorna. Misturou Copa do Mundo, construção de estádios, política da Embasa e outras sandices para nada questionar ao final.

O vereador Lázaro, de maneira sensata, cobrou-lhe coerência, discernimento e lamentou que após o festival de sandices, abandonasse a audiência. Na verdade, o presidente da Câmara fez uma admoestação não só à araponga, mas, e principalmente, ao prefeito Tarcísio Pedreira pela vergonhosa participação de ambos num debate civilizado que, ao final, o único ganhador é a população de Queimadas.

O Projeto

Para que os que não estiveram presentes à audiência entendam a extensão da vexação proporcionada pelo Poder Executivo (exceção para o secretário de Agricultura que pontuou corretamente suas observações), o Projeto de Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário da sede do município se desdobra em várias fases ou etapas.

A primeira compreende o projeto técnico, em si, ou seja, o detalhamento, por exemplo, da extensão da rede coletora dos resíduos; sua destinação aos interceptores, daí às Estações Elevatórias até a destinação final onde serão construídas a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e as Lagoas de Estabilização e, claro, o custo de execução de toda a obra.

Do projeto fazem parte, ainda, o detalhamento do impacto socioeconômico, a exemplo da tarifa a ser cobrada; dos problemas que a comunidade enfrentará por ocasião da execução das obras, quem são os beneficiários. A audiência de ontem faz parte (é prevista em lei) de todo o processo, da mesma forma que a obtenção da Licença Prévia fornecida por instituições ligadas ao Meio Ambiente municipal e estadual.

Encerrada esta fase o projeto é encaminhado para os setores responsáveis pela execução da obra. Neste ponto, entra o que chamamos de Ação de Governo. Em outras palavras, a luta dos agentes políticos (Prefeito e deputados e senadores votados no município, independentemente da cor partidária) junto aos governos estadual e federal em busca das linhas de financiamento.


Alocado o recurso abre-se licitação e a empresa (construtora e não de projeto) vencedora executa, no sentido de construir, a obra. As “abobrinhas” do Prefeito Tarcísio Pedreira e de seu assessor são o que são, “abobrinhas” de agentes despreparados para discutir o desenvolvimento do nosso município em debate com a comunidade.

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