sábado, 13 de setembro de 2014

Marina posa de vítima, mas quem pode se lascar é o povo





Por Miguel do Rosário, no Cafézinho

Chora, Marina Silva.

Em conferência realizada no ano passado, na Índia, o prêmio Nobel de Economia, o americano Joseph Stiglitz repetiu, duas vezes, que a principal razão pela qual países como Brasil, China e Índia conseguiram superar a última crise financeira global foi NÃO ter um Banco Central independente, ou pelo menos, não tão indepedente como Europa e Estados Unidos.

Bancos centrais independentes tendem a adotar soluções frias, exclusivamente matemáticas, sem considerar a economia política e o capital humano.

O link original para a palestra de Stiglitz está aqui (ou se preferir, leiauma resenha em português da fala do economista).

Chora mais, Marina, porque vou expor o que você disse ontem para empresários do Rio de Janeiro.

E pelo jeito, fazer isso, para você, é “campanha suja”.

Trecho de matéria publicada há pouco no site do jornal O Dia:

Rio – A candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira em sabatina “Visões de Futuro” na Federação de Indústrias do Rio de Janeiro que os militares ajudaram na transição democrática da ditadura para a democracia.”Existem pessoas boas e corretas em todos os lugares”, disse Marina.

Há pessoas boas e corretas em todos os lugares… Que frase inteligente! Creio que vale para tudo. Deve haver pessoas boas e corretas até mesmo entre madeireiras ilegais da Amazônia, não é?

Numa campanha em que a candidata à reeleição, então uma garota de vinte anos, foi torturada por quase três anos por militares, seviciada, espancada, pendurada em pau de arara, é mesmo muito comovente ouvir Marina Silva dizer que os “militares ajudaram na transição democrática”.

Sim, ajudaram muito. Deram o golpe, mantiveram uma ditadura por 21 anos, construíram uma mídia monopolista que até hoje atormenta o Brasil, fizeram explodir as desigualdades num momento em que o Ocidente democrático vivia as décadas mais livres e prósperas de sua história.

Não pare de chorar ainda, Marina, porque sou obrigado a dar um último link.

A Reuters, principal agência de notícias do mundo, publicou há poucouma entrevista com o assessor econômico de Marina Silva, o senhor Alexandre Rands.

Olha que declarações fofinhas do sujeito.

Além de informar que a política cambial de um eventual governo Marina será um “liberou geral”, deixando a moeda brasileira à mercê de qualquer ataque especulativo, ele assevera, orgulhoso, que haverá um profundo corte nos gastos públicos.

“O corte, que pode chegar a até 100 bilhões de reais, vai ser no volume necessário para gerar um superávit que dê a segurança para que comecemos a baixar a inflação”, afirmou.

Como não imagino que um governo cujo programa é coordenado pela herdeira do Itaú, e cujos assessores econômicos são gente como André Lara Resende, Eduardo Giannetti, além da figura aí de cima, cortará gastos no pagamento de juros, me parece óbvio que os “cortes de R$ 100 bilhões” só podem vir do social e da infra-estrutura.

Marina pode até chorar agora. Mas, a julgar por essas informações, dadas pela própria candidata e por seus próprios assessores, se ela ganhar a eleição quem irá chorar por último será o povo brasileiro.

E, infelizmente, não chora melhor quem chora por último.

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